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Trauma e BreathWork
Pesquisas indicam que intervenções de respiração (breathwork) apresentam grande potencial para a cura de traumas e para o tratamento em saúde mental. Técnicas de respiração conectada mostraram-se eficazes para TEPT (Transtorno do Estresse Pós-Traumático): Estudos relataram remissão completa dos sintomas após oito sessões (Paulus A. J. M. de Wit & Cruz, 2020).
Uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados encontrou suporte moderado a forte para a eficácia do breathwork na redução de ansiedade, depressão, estresse e sintomas de TEPT (Malviya et al., 2022).
Práticas de respiração de alta ventilação provocam mudanças neurofisiológicas profundas com potencial benefício para transtornos relacionados ao trauma e transtornos afetivos (Fincham et al., 2023) . Quando integradas à terapia cognitivo-comportamental (TCC), técnicas de pranayama demonstraram redução da gravidade do TEPT e melhoria da qualidade de vida mental em pacientes sem transtornos somatoformes concomitantes (Haller et al., 2023).
Os mecanismos terapêuticos parecem estar ligados à redução de CO₂ durante episódios de hiperventilação, o que catalisa estados alterados de consciência comparáveis aos induzidos por psicodélicos e que, em estudos, prevêem melhorias no bem-estar e redução de sintomas depressivos (Havenith et al., 2025).
Por fim, intervenções focadas na respiração se apresentam como alternativas acessíveis e escaláveis para o tratamento de traumas em contextos diversos (Gerbarg & Brown, 2024).
Nota PEP (segurança e responsabilidade): os achados são promissores e orientam nossas práticas, mas não substituem acompanhamento clínico. No aplicativo Medita PEP aplicamos protocolos graduais, versões mais suaves e orientações de segurança, bem como indicamos encaminhamento profissional quando apropriado.
Pesquisas indicam que intervenções baseadas em respiração demonstram potencial no tratamento de traumas por meio de múltiplos mecanismos. O Holotropic Breathwork (Respiração Holotrópica) facilita o acesso a estados de consciência ampliada, permitindo respostas espontâneas de cura para traumas armazenados no corpo (Bray, 2018).
Técnicas de respiração conectada, como o Rebirthing-Breathwork (Renascimento), ativam ciclos soma-cognitivos que trazem para a consciência questões traumáticas não resolvidas, favorecendo sua resolução (Dias-de-Oliveira et al., 2019).
Um estudo de caso documentou remissão completa de TEPT (Transtorno do Estresse Pós-Traumático) em um bombeiro após oito sessões de respiração conectada, com dados de variabilidade da frequência cardíaca apoiando o envolvimento do sistema nervoso parassimpático no processamento do trauma (de Wit & Cruz, 2020).
Práticas de respiração com ventilação elevada produzem efeitos neurofisiológicos profundos por meio da modulação de parâmetros neurometabólicos e dos sistemas interoceptivos, apontando potencial no tratamento de transtornos relacionados ao trauma, afetivos e somáticos (Fincham et al., 2023).
Evidência clínica também corrobora o uso de técnicas respiratórias do yoga no tratamento de transtorno de estresse pós-traumático, promovendo resiliência ao estresse (Brown & Gerbarg, 2009).
Em um estudo piloto com pessoas submetidas a múltiplos traumas, observaram-se grandes efeitos após uma intervenção respiratória de duas horas (Walach et al., 2020).
O Breathwork é uma abordagem terapêutica que utiliza técnicas de respiração controlada para promover cura, crescimento pessoal e estados alterados de consciência (Zimberoff & Hartman, 1999; Grof, 2014). Ele demonstrou reduzir o estresse e melhorar a saúde mental (Fincham et al., 2023), assim como diminuir o afeto negativo e aumentar a autoestima (Bahi et al., 2023).
Além disso, fisiologicamente, pode alterar a atividade cerebral, especialmente nas faixas de frequência delta, theta e beta (Bahi et al., 2023).
As técnicas de Breathwork frequentemente combinam respiração acelerada com música evocativa e trabalho corporal (Grof, 2014), podendo induzir experiências semelhantes às relatadas com substâncias psicodélicas (Bahi et al., 2023).
A prática tem raízes em várias tradições, incluindo yoga, budismo e práticas xamânicas (Brulé, 2019, citado em (Cronshaw, 2019), e é considerada uma ferramenta poderosa para acessar e curar traumas pré-natais e de nascimento (Zimberoff & Hartman, 1999). O trauma é cada vez mais reconhecido como um fator fundamental na ansiedade, afetando respostas psicológicas e fisiológicas ao estresse (Levine, 1997- {Levine, P. (1997) Waking The Tiger, Healing from Trauma}; Kuzminskaite et al., 2021).
Diversos estudos encontraram vínculos significativos entre maus-tratos na infância e sintomas elevados de ansiedade (Kascakova et al., 2020; Zhang et al., 2021; Santos et al., 2023; Marini et al., 2024; Lakhdir et al., 2021).
Essa relação é mediada por fatores como reatividade cardiovascular atenuada (Ji et al., 2024), estilo de apego e traços de personalidade (Santos et al., 2023; Gander et al., 2020), além de suporte social e funcionamento familiar (Zhang et al., 2021).
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo Chiu et al. (2023) destacam ainda a sensibilidade à ansiedade como fator importante no desenvolvimento de sintomas de TEPT (Transtorno do Estresse Pós-Traumático) em jovens expostos a traumas. O impacto do trauma infantil pode persistir ao longo da vida (Santos et al., 2023).
Tratamentos tradicionais, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a farmacoterapia, são eficazes, mas muitas vezes não conseguem abordar totalmente a desregulação fisiológica associada à ansiedade relacionada ao trauma (Fisher, J. (2017) Healing the fragmented selves of trauma survivors : overcoming internal self-alienation. Routledge).
Pesquisas sugerem que o Breathwork pode atuar como uma ponte terapêutica, direcionando-se diretamente para os desequilíbrios autonômicos e respostas somáticas ligadas à ansiedade e ao trauma (Balban et al., 2023).
Estudos mostram que certas formas de Breathwork podem acessar e processar memórias traumáticas armazenadas no corpo (Zimberoff & Hartman,1999; Bray, 2018; De Wit & Cruz, 2020) ativando o sistema nervoso autônomo e facilitando a liberação de traumas reprimidos (Dias-de-Oliveira et al., 2019). Evidências empíricas relatam melhorias significativas em sintomas de TEPT, ansiedade e depressão após intervenções de Breathwork (De Wit & Cruz, 2020; Walach et al., 2020).
Pesquisas neurofisiológicas apoiam esses resultados, indicando que práticas respiratórias podem normalizar respostas ao estresse e auxiliar na regulação emocional ao influenciar os sistemas autonômico e neuroendócrino (Brown et al., 2013).
Especificamente, a Respiração Coerente ou Ressonante tem sido identificada como uma técnica que ajuda a equilibrar os sistemas de resposta ao estresse e a reduzir o impacto do trauma na regulação emocional e na saúde física (Gerbarg et al., 2019).
Devido ao baixo custo e à facilidade de ensino, essas técnicas apresentam grande potencial de aplicação em contextos de saúde, especialmente em locais com recursos limitados (Gerbarg et al., 2019). O Breathwork atua regulando o sistema nervoso autônomo, reduzindo a dominância simpática e ativando respostas parassimpáticas que promovem relaxamento e segurança emocional (Fincham et al., 2023). Ao favorecer maior flexibilidade autonômica, o Breathwork melhora a autorregulação, sendo especialmente benéfico para indivíduos que vivenciaram desregulação relacionada a traumas (Porges, 2011).
Além disso, técnicas de respiração controlada demonstraram a capacidade de melhorar o humor, reduzir a excitação fisiológica e regular estados emocionais (Balban et al., 2023; Bentley et al., 2023).
Pesquisas preliminares sugerem que, quando aliado a modelos de cuidado informados pelo trauma e combinado com outras terapias tradicionais, o Breathwork pode oferecer uma intervenção viável, de baixo custo e escalável para transtornos de ansiedade (Levine, 1997- {Levine, P. (1997) Waking The Tiger, Healing from Trauma}; Kuzminskaite et al., 2021).
Conclusão
A ansiedade é uma condição complexa e multifacetada. A evidência mostra que intervenções diversas — desde farmacoterapia até terapias psicológicas como a TCC, e abordagens emergentes como o Breathwork — podem contribuir para o cuidado.
O Breathwork se destaca como uma intervenção inovadora, acessível e escalável, especialmente útil em contextos de cuidado informado pelo trauma.
Seu baixo custo e sua simplicidade tornam possível aplicá-lo em diferentes cenários de saúde.
Ao atuar sobre dimensões fisiológicas e psicológicas, ele se apresenta como um aliado promissor dos tratamentos tradicionais, com potencial de ampliar a cura.
O futuro aponta para colaboração interprofissional, integração de diferentes modelos e cuidado centrado na pessoa para melhores resultados em saúde mental.