Pesquisas mostram que o trauma pode ser transmitido entre gerações por mecanismos epigenéticos — em especial pela metilação do DNA — sem alterar a sequência genética subjacente (Mbarki, 2024). Estudos indicam que experiências traumáticas afetam regiões cerebrais associadas ao TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), como a amígdala, o hipocampo e o córtex pré-frontal, aumentando o risco psicológico nas gerações seguintes (Mbarki, 2024).
Evidência vinda de famílias de refugiados sírios revela assinaturas epigenéticas específicas associadas à exposição à violência em três gerações, com a maioria das alterações mostrando direção consistente independentemente do momento da exposição (Mulligan et al., 2025).
Estudos em animais apontam que a transmissão intergeracional do trauma envolve tanto alterações no neurodesenvolvimento intrauterino quanto interações maternas na primeira infância, estando associadas a disfunção mitocondrial e mudanças no metabolismo cerebral (Alhassen et al., 2021).
Mecanismos epigenéticos identificados incluem modificações em genes relacionados ao estresse, como os receptores de glucocorticoides e o FKBP5 (Banushi et al., 2025). A pesquisa também evidencia efeitos para além da saúde mental: o trauma intergeracional tem sido relacionado a resultados físicos, por exemplo: maior incidência de obesidade em populações indígenas, por vias comportamentais e epigenéticas (Schafte & Bruna, 2023).
Aqui na Pura Energia Positiva, reconhecemos que o trauma intergeracional afeta de forma significativa o bem-estar psicológico ao longo de várias gerações, por meio de mecanismos biológicos, psicológicos e sociais complexos.
Pesquisas mostram que a exposição parental ao trauma gera efeitos psicológicos substanciais nas famílias, incluindo ansiedade, depressão e TEPT, (Pakbazi et al., 2024), e que essa transmissão ocorre por vias como apego inseguro, estilos parentais desadaptativos e disponibilidade emocional reduzida (Flanagan et al., 2020).
Mecanismos epigenéticos, como a alterações na metilação do DNA e na expressão de genes relacionados ao estresse, oferecem caminhos biológicos plausíveis para essa transferência intergeracional do trauma (Banushi et al., 2025).
Além disso, padrões de comunicação familiar são determinantes: estilos de comunicação disfuncionais preveem pior saúde mental nas gerações seguintes (Johns et al., 2022).
Por outro lado, a saúde familiar funciona como um mediador protetor: experiências positivas na infância reduzem a ocorrência de experiências familiares adversas, por meio da melhora no funcionamento familiar (Reese et al., 2022). Intervenções eficazes, segundo a literatura, combinam abordagens multifamiliares culturalmente sensíveis que fortalecem a regulação emocional e a capacidade de mentalização (Mooren et al., 2023), ao mesmo tempo em que enfrentam desigualdades estruturais e promovem resiliência em populações diversas (Fortuna et al., 2022).
Pesquisas sobre cura ancestral na recuperação de traumas apontam o papel profundo da transmissão intergeracional do sofrimento e a importância de abordagens de cura enraizadas culturalmente. Estruturas indígenas destacam a centralidade das dimensões espirituais, por exemplo, perspectivas māori enfatizam o wairua (espírito) como elemento transformador das feridas de alma herdadas (Haami et al., 2024).
Tradições africanas e xamânicas reconhecem que memórias ancestrais de trauma, inclusive provenientes da escravidão, são transmitidas entre gerações através de formas reais de memória ancestral (Achikeobi-Lewis, 2025).
Evidências científicas apoiam a ideia de herança transgeracional de efeitos do trauma, mostrando que exposições ancestrais podem afetar o bem-estar de descendentes ao longo de várias gerações (Kaufman et al., 2023).
Abordagens terapêuticas efetivas integram a sabedoria indígena com métodos contemporâneos, privilegiando a unidade entre mente, coração e cultura (Vickers & Moyer, 2020).
A cura baseada no território (land-based healing) reconecta pessoas a conhecimentos ancestrais e transforma narrativas de trauma em trajetórias de resiliência (Johnson-Jennings et al., 2020).
Modelos que combinam a compreensão do trauma histórico com a perspectiva de crescimento pós-traumático mostram potencial para grupos raciais e étnicos que enfrentam opressão contínua (Ortega-Williams et al., 2021). Práticas decoloniais de cura, que colocam o saber ancestral no centro do processo, são frequentemente apontadas como essenciais para uma recuperação verdadeira e respeitosa (Péan, 2021).
Nota PEP (ética e postura): valorizamos esses saberes e incorporamos princípios de respeito, consulta e autorização comunitária em qualquer adaptação para o Medita PEP. Acreditamos que ciência e ancestralidade dialogam melhor quando há reciprocidade, crédito e cuidado com as origens culturais das práticas.